Sem

Rede

Sans

Réseau

20 - 26
julho 2022

oMuseu FBAUP

Exposição Estudantes 1ºano
Mestrado Artes Plásticas
Estúdio de Escultura

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Sem Rede, Sans Réseau remete-nos para distintas interpretações do mesmo modo que a diversidade de resultados dos trabalhos dos estudantes de Estúdio de Escultura, do Mestrado em Artes Plásticas (MAP). Diversos são também os seus temas de investigação e planos individuais, pelos esquemas e estruturas conceptuais que promovem diálogos e articulações entre a concepção, os meios, matérias, ferramentas e estruturas compositivas potenciadoras da investigação e criação em Artes Plásticas. Entendendo-a como disciplina fundamental do pensamento e prática artística, a especialização em Escultura pressupõe a indissociabilidade a um todo complexo relacionado com o Campo Escultórico - Corpo e Matéria, no Tempo e no Espaço físico da Tridimensionalidade em Artes Plásticas -, no qual são basilares conhecimentos e contingências de exploração consciente do si (self) e do entorno, bem como as implicações e relações com o espectador/fruidor aliadas à ação comunicante proveniente da essencial sociabilização das concretizações plásticas.

Carolina Fangueiro, Davide Fernandes, Júlia Brandão, Leonor Aguiar, Luna Gil, Rodolfo Lopes e Zegrani- Monro Lina, terminam o 1º ano curricular deste ciclo de estudos, abordando temas tão diversos quanto a diversidade das suas origens, formações e inquietações. Se por um lado, observamos procedimentos e resultados nos quais é mais evidente um posicionamento processual na relação com a efemeridade, o temporário, o simbólico, mas também o científico, questionando, em diversos momentos, o conceito de lugar - da casa, do corpo próprio e dos corpos dos outros, da distinção entre o que é público e o que é intimo, da mutabilidade e da gestualidade, da condição humana e das desigualdades sociais -, por outro lado, apresentam-se encontros em configurações compositivas no espaço concreto, contemplando a escolha e seleção, atenta, das matérias e técnicas no encontro de possíveis respostas. Agora, Sem Rede, Sans Réseau , neste tempo e neste lugar onde nos encontrámos.

Rute Rosas
Regente e Docente Estúdio em Escultura
MAP. Mestrado em Artes Plásticas
https://map.fba.up.pt

Curadoria
Luís Pinto Nunes
Rute Rosas

Design
Ana Leite
Rui Pinto Moreira

Apoio Técnico
Carlos Lima
Jorge Garcês
Patrícia Almeida
Tiago Cruz

Carolina Fangueiro

1997

Natural do Porto, onde atualmente vive e trabalha.

Conclui a Licenciatura em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa em 2019. Inicia em 2021 o mestrado em Artes Plásticas com especialização em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Participou em várias residências artísticas (Inter.meada, Alvito, 2022; Guimarães Jazz-Porta Jazz, 2021), tendo também feito trabalho de produção e curadoria (Festival SOMA, FBAUL, 2019). Expõe regularmente desde 2017, destacando exposições como 1000056º Aniversário da Arte, CAPC, Coimbra (2019); IS THIS HOME? Laboratórios de Verão, GNRation, Braga (2020), ;Finalistas de Pintura 2018.19 & 2019.20, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa (2021); Remodelling at First Sight, Útero, Lisboa (2022).

carolinafangueiro.cargo.site

Davide E. Fernandes

1995

Formado em arquitetura, tem particular interesse em temas relativos às dinâmicas urbanas, antropologia, direitos humanos e educação. Atualmente frequenta o mestrado em Artes Plásticas da FBAUP, debruçando-se sobre temas que conectam conceitos como periferias e limites.

Júlia Brandão

Nascida e criada no Brasil, Júlia Brandão trabalha principalmente com tecidos através de instalações, esculturas e performance. Sua prática multidisciplinar questiona o corpo em relação ao deslocamento e à memória. Em 2018, a artista recebeu uma bolsa do Programa de Mentoria para Artistas Imigrantes da New York Foundation for the Arts. Seu trabalho já foi apresentado na NARS Foundation (Nova York), Jane Lombard Gallery (Nova York), Galleri Silk (Suécia), Galeria Sé (São Paulo), Galeria Despina (Rio de Janeiro), entre outros. Brandão atualmente mora e trabalha no Porto em Portugal.

www.juliabrandao.com
@brandaoejulia
brandaoejulia@gmail.com

Leonor Aguiar

Nascida a 03 de novembro de 1999, Leonor Aguiar, licenciada em artes plásticas e atualmente estudante de mestrado, no ramo de Escultura, na Faculdade de Belas Artes do Porto, dançarina desde tenra idade, vê na dança uma forma de se expressar e como tal, um meio de projeção para os seus trabalhos e projetos escultóricos e artísticos.

O corpo e expressões corporais são determinantes nessa simbiose que tenta alcançar, o gesto é pensado como uma forma de comunicação. Assim sendo, pretende promover um diálogo interdisciplinar entre as artes plásticas e a dança, sendo sempre fiel aos limites dos mesmos mas, ao mesmo tempo tentando sempre ultrapassá-los.

Lina Zegrani-Monro

Mainly student of the European Academy of Art in Brittany (Rennes, France), part of the Erasmus exchange program for a year in FBAUP.

Luna Gil

Luna Gil, Luso-Argentina (1999), concluiu o curso artístico especializado em têxteis, na escola artística Soares dos Reis e licenciou-se em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Atualmente frequenta o mestrado de Escultura na Faculdade das Belas Artes do Porto.

De momento encontra-se a investigar sobre a Assemblage enquanto operação nuclear da sua prática. No seu trabalho a Assemblage é abordada com especial foco através da materialidade e formatividade, enquanto propriedades que medeiam tanto o processo como o resultado. O seu trabalho manifesta-se principalmente a nível instalativo, escultórico e performativo.

Rodolfo Lopes

Rodolfo Lopes nasceu a 8 de março de 1999, na cidade de Viana do Castelo e é um recente artista português.

Primeiramente, realizou o curso de Artes Visuais na Escola Secundária de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo e finalizou em 2021 a licenciatura em Artes Plásticas, no ramo da Escultura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde atualmente está a frequentar o Mestrado em Artes Plásticas no mesmo ramo.

A sua ligação com a cidade onde nasceu e com a sua família, são os principais pontos de partida para as suas obras. Peças que apresentam raízes da terra, ou elos familiares, fazem, desde cedo, parte da sua criação artística.

Recentemente, descobriu um novo método de trabalho que tem utilizado com grande frequência: o corpo-próprio do autor.

Define-se como egocêntrico e narcisista, e acredita que a sua arte deverá ser, totalmente, realizada à sua medida e idealização.

Não se consegue definir como artista, pois não há nada que diga que sempre irá fazer. Apenas idealiza ideias, que, a bem ou a mal, consegue sempre concretizar.

"Gosto do oito, mas adoro o oitenta".

Atualmente, estuda e trabalha na cidade do Porto.

www.rodolfolopesart.com
@rodolfolopesart
planta museu

Galeria Museu

planta p1

Pavilhão Central P1

planta galeria da cozinha

Galeria Cozinha

1. Picnic de um coração distante
2022
Júlia Brandão
Trapilhos, retalhos, tecido, espuma, fio de pvc e madeira.
275 x 131 x 229 cm

Associar o corpo de um indivíduo a um espaço e/ou território, é pensar em um local que este consiga se expressar livremente. Pessoas são categorizadas e ‘construídas’ através da interação com outros corpos e situações cotidianas. Destacar e conhecer a influência do espaço sobre o corpo, é entender que estas interações são carregadas por traumas, códigos, comportamentos, limitações e possibilidades. Pensando na construção de uma “obra-ambiente” e refletindo sobre um “corpo-paisagem”, a obra apresentada traz um espaço de acolhimento e conforto para o espaço expositivo pelo qual as pessoas são convidadas a interagir com a mesma.

2. MIRAGEM I
2022
Davide E. Fernandes
Óleo s/ madeira, acrílico s/madeira, espelhos.
Dimensões variáveis

A existência da MIRAGEM I — é um Lugar, essencialmente de interrogação, de não-lugar, mas de sonho. No que podemos pensar como verdadeiro, deixa de ser o relevante, e o que podemos ver como forma de existência é todo um conjunto de fragmentos que compõem aquilo que dizemos ser. Mas ser, é possível apenas pelo conjunto, e de igual forma palpável em vestígios, que na nossa mente se completam e formam uma imagem que nunca se repete.

3. Passagem temporária
2022
Davide E. Fernandes
Madeira, ferro, vinil.
131 x 180 x 264 cm

O afastamento entre os dois elementos em madeira, representam aquele a que podemos de chamar de Passagem Temporária, uma vez que esta pode ser manipulada, sem qualquer anunciação prévia! No mundo não vemos solidariedade a ser praticada, vemos construção de fortalezas, para manter pessoas que apenas procuram segunda no exterior. Onde ficam os procedimentos efetivos e justos, que constam na lei internacional? Ou em vez disso, encontramos práticas de controlo fronteiriço ilegítimas, que passam por bloqueios, expulsões coletivas… Esta prática não impede as pessoas de se moverem, porque elas necessitam de o fazer… esta prática só aumento o custo, em vidas humanas.

4. CORPUS machina I
2022
Rodolfo Lopes
Aço, alumínio.
59 x 48 x 18 cm

Com uma violência bastante demarcada, a peça, que explora o corpo-máquina, tem um cariz muito industrial e mecanizado, associada ao mundo do ciclismo .

Os diferentes objetos que a compõem estão ligados entre si, através de cabos de aço e cerra-cabos, dos travões de bicicleta, de forma delicada e “limpa”, numa tentativa de requintar o objeto artístico, e dar-lhe uma dignidade quase “divina” e imaculada.

As rodas dentadas que compõem o objeto apresentam uma forte associação ao movimento, o que lhe confere um dinamismo.

Trata-se de uma peça feita a partir do lado esquerdo do torso do autor, mas não se destina a ele, apenas pretende ter uma forte ligação numa tentativa de associação narcísica e egocêntrica.

4. CORPUS machina II
2022
Rodolfo Lopes
Aço, alumínio.
92 x 13 x 3 cm

Numa clara associação ao corpo-máquina, mas em que o corpo não é considerado obsoleto, mas precioso, onde está a ser protegido por uma espécie de armadura, de tecido industrial, frio e sujo.

As correntes com um cariz mais mordaz são fixadas entre si, como se de uma tecelagem se tratasse, com um arame de latão muito fino o que lhe confere uma delicadeza, e limpeza plástica, muito característica.

A peça apresenta um cariz bastante disforme, que apenas é contrariado quando esta a ser envergado.

É clara a associação à joalharia contemporânea, onde o objeto faz tensão com os limites entre a arte e o design.

4. CORPUS machina III
2022
Rodolfo Lopes
Aço, alumínio, latão, zircónicas.
45 x 33 x 22 cm

Peça realizada para o lado esquerdo do torso do autor, que pretende explorar o conceito do corpo-máquina.

Este corpo-máquina que aqui se apresenta tem um aspeto quase de joia contemporânea, pela sua materialização e por ser algo feito a partir do corpo humano.

Apresenta discos de travão de bicicleta, com um valor estético bastante marcado, que parecem cortar, pela sua materialidade.

Apesar de incompleta, os pequenos arames darão lugar a pedras semipreciosas, numa forma de valorização e dignificação da imagem do autor, numa associação ao narcisismo e ao egocentrismo, visto que a peça incorpora o autor, pela sua ausência.

5. Ceasar annos
2022
Rodolfo Lopes
Aço, aço inoxidável.
130 x 210 x 39 cm

A peça é composta por vinte e duas correntes, numa associação aos anos que o autor tinha quando esta foi pensada e começada a executar. Tem como principio explorar as tensões das correntes, numa espécie de “cascata” que parece levitar, explorando o seu caracter de fragilidade, que entre em confronto entre a sujidade das mesmas. Estas apenas são “encaixadas” numa cantoneira em grade e fazem o suporte. Este suporte foi, especificamente, escolhido por ser um material especialmente industrializado, muito violento e bruto.

O objeto comporta um desequilíbrio para a frente, conferindo-lhe um maior dinamismo e aumentando o arco das correntes, propiciando ao espectador uma maior tensão visual.

Apresenta-se aqui uma clara dicotomia entre o usado e descartável que foi descontextualizado e recontextualizado no mundo da arte, e o novo industrializado.

Apresar de a ligação com o autor não parecer muito evidente, esta peça é instalada á medida do seu ombro.

6. O corpo envolvente
2022
Leonor Aguiar
Massa pão, corpo.
Vídeo 5'13''

Com uma sequencia fluida de movimentos, o corpo é utilizado como instrumento envolvente da massa de pão, numa ação privada. a coreografia é um dialogo entre dois corpos e uma resposta direta à forma como o corpo da massa se move. As mãos e corpo manipulam intuitivamente a massa. Ela carrega os traços físicos e esculturais do corpo que a modela. A massa é uma matéria que resiste a manter uma forma, relaxa, cede à gravidade e não tem memória material.

7. When a line holds intimacy​
2022
Carolina Fangueiro
Plástico, fio de algodão, fita de poliéster, grafite sobre papel, alumínio, gesso, grés, tecido de algodão.
Dimensões variáveis

Partindo da reconfiguração da casa enquanto espaço mental da intimidade, When a line holds inti-macy apropria-se de uma linguagem do fazer commumente associada ao doméstico para criar um espaço, dentro do espaço de exposição. Assombrado e invadido por corpos híbridos, este espaço vive no limiar da intimidade, entre público e privado, num lugar de elementos aparentemente famili-ares, apresentados de forma dramática e artificial. A sensação de leveza comunicada pela suspensão de vários elementos da instalação é contraposta pelo peso simbólico da domesticidade, assim como a utilização de plásticos leves se contrapõe às peças de chão e metais utilizados. A rede que compõe este espaço, refletindo as (inter)ligações complexas que compõe o nosso mundo, é ecoada nos dese-nhos que exploram pictoricamente a ideia de grelha, e de cruzamento. Assim, refletem a uma procu-ra pelo lugar da intimidade numa realidade dispersa, através de “mapas de proximidade”, definidos por estas linhas que se cruzam.

8. WHO BETWEEN TWO HOLDS EACH OTHER ? PLACES MEETS BY BEEMS PASSAGE LIMITS HOLES YES I WISH I COULD BUILD YOU A TOWER BUT FOR NOW YOU CAN STEP OVER ME​
2022
Lina Zegrani-Monro
Pedra, madeira, metal,barro, plástico, vidro, corda e objetos variados.
Dimensões variáveis

My interventions are modular events.

This installation is a puzzle in which materiality, graphic and fragile constructions projects dynamics and qualities of territories i crossed.

I build a vocabulary that expands the language between materials, objects, spaces and myself.

Cultivating their similarities and paradoxes, suggesting displacement and yet find a sense of agency.

The identity of this terrace is my playground, I value places I invest while evoking an analog of «elsewhere». I swallow landscapes, negotiate limits and slip into some other temporal and spatial dimensions.

9. Sem título
2022
Leonor Aguiar
Impressão em tela e 3 peças de vidro​.
Dimensões variáveis

Diferentes peças de vidro, cada uma feita para encaixar o meu corpo. Em registos fotográficos, serão mostrados pormenores dessa interação, os encaixes e desencaixes entre o meu corpo e o corpo de vidro. O vidro surge como uma lente que altera ou deforma o corpo em que se insere.

10. perfectum arcum
2022
Rodolfo Lopes
Aço.
118 x 67 x 1 cm

Este objeto artístico apresenta um cariz de utopia perfeita, pela sua configuração e nomenclatura a ele associado.

Numa clara associação a um arco perfeito, tem nele a ideia de pórtico religioso e perfeição, algo que o autor tenta transmitir através do seu trabalho.

Quase como um ato perfeito e de grande tensão, esta peça tem uma conotação quase divina, esta estará também associada á sua instalação, visto que irá estar suspensa com um fio entrançado de ouro, o que fará oscilar e dar um caracter cinético intensificando o seu caracter de luxo.

Este luxo estará em diálogo com o caracter pobre da matéria da corrente.​

11. circulus perfectus
2022
Rodolfo Lopes
Aço.
47 x 47 x 1 cm

Este objeto artístico apresenta um cariz de utopia perfeita, pela sua configuração e nomenclatura a ele associado.

Numa associação à perfeição da circunferência matemática, esta apresenta-se em tensão, mantendo sempre a sua forma. É um objeto que se materializa pelo seu minimalismo, e pela sua cor bastante demarcada-dourado- tem conotações divinas, de exaltação da riqueza, que o autor traz para a sua obra numa tentativa de dignifica-la, pelas suas considerações narcísicas e egocêntricas.

Este objeto irá criar uma forte tensão com o espectador visto que se trata de um objeto de outro campo dentro da estética da arte, com uma intensificação maior pelo seu caracter de força tensão mas simplicidade visual.

A circunferência irá estar suportada por um raio de roda de bicicleta, preso à parede.

12. If they could hear us, would they come back?
2022
Luna Gil
Aço, acrílico, gesso, sal, vinil espelhado, alumínio, parafina, ecrã 32''.
Vídeo, cor, 55’’ em loop.
Som, 2 canais, 8’ em loop.
Dimensões variáveis

If they could hear us, would they come back? É um sistema abiótico que se intra-relaciona numa esfera de proximidade com elementos fundadores. Trata-se de um lugar de comunicação entre o nosso corpo e o não-humano. É através da composição de diferentes materiais e símbolos que nos reorganizamos no espaço e acompanhamos a cadência destes elementos.